No coração de São Paulo, a menos de dez minutos da Avenida Paulista, existe uma plantação de café. Isso mesmo. A cidade que não pára, capital do Estado e metrópole financeira do País, conhecida por seus arranha-céus e enormes engarrafamentos, também abriga o maior cafezal urbano do Brasil.
São 1.035 pés de café, plantados em uma área de mil metros quadrados do Instituto Biológico, na Vila Mariana, uma das áreas mais nobres do Município. Na verdade, o Instituto nasceu justamente de um problema enfrentado pelos produtores de café.
No início da década de 20, uma praga começou a atingir os cafezais de São Paulo, provocando a destruição dos grãos e a queda na produção nas fazendas paulistas. E em pouco tempo, se alastrou para todo o Estado e o resto do País.
Então, em 1924, foi criada uma comissão para averiguar os estragos causados pela praga e estabelecer normas para o controle. Essa comissão conseguiu bons resultados em seus estudos e deu origem ao Instituto Biológico, fundado em 26 de dezembro de 1927 com uma missão mais ampla: estudar doenças e pragas das lavouras e fazer o controle das sanidades animal e vegetal.
Como não existia um predador natural da broca no Brasil — a praga foi introduzida no país em 1913, por meio de sementes importadas da África e de Java — um estudioso foi ao continente africano, em 1929, para buscar a ‘‘vespinha de Uganda’’.
Os entomólogos do Instituto (estudiosos de insetos) pesquisaram a biologia e o comportamento da vespinha, a fim de reproduzí-la em laboratório, e passaram a elaborar planos seguros para conter a tragédia agrícola.
Desde então, esse processo natural de predação de uma praga, chamado controle biológico, é a especialidade do Instituto. ‘‘Essa foi a primeira idéia de controle biológico no Brasil, criado para combater a praga cafeeira. O pequeno bichinho (a broca) deu origem a esse prédio’’, conta o diretor do Instituto, Antônio Batista Filho.
Plantio
A construção da sede do Instituto Biológico, que durou 17 anos, teve início em 1927. Na época, a área escolhida era pouco valorizada — uma várzea cheia de pássaros, que englobava parte do Parque do Ibirapuera. Esse local hoje é limitado pelas Avenidas Ibirapuera, Brasil e Conselheiro Rodrigues Alves, uma parte nobre de São Paulo, alvo da cobiça imobiliária.
O plantio de café no terreno do Instituto teve início em 1954. Foram plantadas duas mil mudas, que seriam usadas para estudos e pesquisas científicas. Na plantação, eram feitos diagnósticos para controle e monitoramento de pragas.
Ao longo dos anos, a plantação foi diminuindo e, em 1984, foram plantados novos pés de café.
A partir de 2000, o cafezal passou a ter um caráter mais educativo. Recebe visitas de estudantes e de turistas, que aprendem um pouco sobre a história do café, o plantio do grão e o controle das pragas.
Há dois anos, sempre no mês de maio, o Instituto realiza uma cerimônia para simbolizar o início da colheita do café paulista, com o apoio da Câmara Setorial do Café. A idéia, inspirada em cidades francesas que fazem o mesmo ritual com a uva, é criar um evento que marque a abertura da safra anual.
Atualmente, a produção do Instituto é de uma tonelada de grãos por safra. Depois de torrado, moído e embalado, o café em pó (equivalente a 500 kg) é doado ao Fundo Social de Solidariedade do Estado, que distribui para as entidades assistenciais cadastradas.
Personagem: Paulo de Camargo, 69 anos Camargo começou cedo na lida. Aos 12 anos, já ajudava o pai nos serviços rurais em uma fazenda de café de Campinas, sua cidade natal. Aos 19 anos, já dominava a técnica de plantio e colheita do grão e foi trabalhar sozinho em um outro sítio. Ele é o responsável pela plantação do atual cafezal do Instituto. Em 1984, plantou sozinho cerca de 1.800 mudas. ‘‘O café é um cartão de visita do Instituto, precisa estar bem cuidado’’, diz orgulhoso. Ele garante que a terra e o café colhido no coração de São Paulo são de boa qualidade. O agricultor já estava aposentado quando, há quatro anos, à convite do diretor do Institiuto, voltou a cuidar do cafezal. Mas hoje, prestes a completar 70 anos, já pensa novamente em parar de trabalhar. ‘‘Já não tenho mais a mesma saúde de antes. Quando jovem, trabalhei muito tempo com herbicidas, fazendo aplicação direta, sem uso do equipamentos de segurança. E não sabia que estava lidando com veneno. Acho que isso pode ter afetado minha saúde’’.
Estudos O Instituto Biológico é um órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. Os laboratórios do Instituto realizam estudos e pesquisas científicas na área de sanidade animal e vegetal e atuam na solução de problemas sanitários da agropecuária paulista e brasileira. Hoje, o Instituto conta com 130 pesquisadores, 120 funcionários de apoio, 150 estagiários e 40 pós-graduandos do curso de Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegócio.
Primeiros grãos estão no Museu do Instituto Biológico
Os primeiros grãos de café com broca examinados pela comissão formada para estudar e controlar a praga estão expostos em um tubo, no Museu do Instituto Biológico (Mibio). No local, há ainda o café afetado pela praga, em seus vários estágios — desde o grão verde até o pó, depois de torrado e moído.
No museu, instalado num casarão em estilo neo-colonial da década de 40, é possível aprender, de forma simples e divertida, o modo de fazer ciência. As visitas são monitoradas e contam com atividades educativas e lúdicas.
‘‘Os jogos, kits bio-pedagógicos e dinâmicas em grupo ajudam a estimular a curiosidade de estudantes, além de incentivar vocações científicas’’, diz a assistente técnica de Pesquisa Científica e Tecnologia, na área de Museologia, Silvana D’Agostini.
O Mibio recebe de 100 a 150 visitantes por mês. Grande parte do público é de estudantes da capital.
Uma das principais atrações do museu é o formigueiro artificial, onde é possível ver e ouvir um pouco mais sobre os hábitos desse inseto. ‘‘As crianças adoram, ficam encantadas’’, diz Silvana.
Serviço:
O Museu fica na Rua Amâncio de Carvalho, 546, Vila Mariana, São Paulo. As visitas precisam ser agendadas pelos telefones (11) 5572-9933 e (11) 5087-1703.
fonte: Centro de Memória do Bixiga acervo @edisonmariotti
http://www.biologico.sp.gov.br/noticias.php?id=99
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quinta-feira, 31 de março de 2016
Na cidade de São Paulo, Brasil, tem cafezal perto da Av. Paulista.
Walter Taverna participa da audiência pública da Subprefeitura Sé
Imagens do evento audiência pública em dia 30 de março 2016 .Local Rua Genebra,25 Bela Vista, SP
fonte: Centro de Memória do Bixiga acervo @edisonmariotti
Subprefeitura Sé reúne cerca de 400 pessoas em Audiência Pública
Evento no sindicato dos engenheiros teve como objetivo fazer um balanço das ações desenvolvidas nos últimos dois anos e traçar novos desafios
A Subprefeitura Sé realizou nesta quarta-feira, dia 31, a Audiência Pública Balanço e Novos Desafios. O encontro reuniu cerca de 400 pessoas entre autoridades, lideranças e representantes das diversas organizações sociais que atuam na região central. O objetivo foi fazer junto com a população um balanço dos resultados obtidos nas iniciativas da subprefeitura dos últimos dois anos em que o Subprefeito Alcides Amazonas administrou a região.
Após a exibição de um vídeo com depoimentos de pessoas e representantes de entidades que atuam na região sobre suas experiências em contato com a Subprefeitura nesse período. O subprefeito fez uma explanação das principais iniciativas como a melhor ocupação dos espaços públicos, valorização das feiras de arte e artesanato, implantação de parklets, utilização de baixos de viadutos em parceria com a iniciativa privada e o Programa Intensivo de Manejo Arbóreo (PIMA).
A Vice Prefeita Nadia Campeão esteve presente no evento e destacou a importância da participação social na gestão da subprefeitura como as Ações Integradas que serviram de modelo para o Programa Prefeitura no Bairro.
Durante todo o encontro os participantes tiveram oportunidade de falar sobre suas experiências de diálogo, parceria e apoio por parte da subprefeitura.
O encontro terminou com a manifestação do subprefeito que agradeceu ao apoio e envolvimento de todos que participaram direta e indiretamente desses dois anos de gestão.
Evento no sindicato dos engenheiros teve como objetivo fazer um balanço das ações desenvolvidas nos últimos dois anos e traçar novos desafios
A Subprefeitura Sé realizou nesta quarta-feira, dia 31, a Audiência Pública Balanço e Novos Desafios. O encontro reuniu cerca de 400 pessoas entre autoridades, lideranças e representantes das diversas organizações sociais que atuam na região central. O objetivo foi fazer junto com a população um balanço dos resultados obtidos nas iniciativas da subprefeitura dos últimos dois anos em que o Subprefeito Alcides Amazonas administrou a região.
Após a exibição de um vídeo com depoimentos de pessoas e representantes de entidades que atuam na região sobre suas experiências em contato com a Subprefeitura nesse período. O subprefeito fez uma explanação das principais iniciativas como a melhor ocupação dos espaços públicos, valorização das feiras de arte e artesanato, implantação de parklets, utilização de baixos de viadutos em parceria com a iniciativa privada e o Programa Intensivo de Manejo Arbóreo (PIMA).
A Vice Prefeita Nadia Campeão esteve presente no evento e destacou a importância da participação social na gestão da subprefeitura como as Ações Integradas que serviram de modelo para o Programa Prefeitura no Bairro.
Durante todo o encontro os participantes tiveram oportunidade de falar sobre suas experiências de diálogo, parceria e apoio por parte da subprefeitura.
O encontro terminou com a manifestação do subprefeito que agradeceu ao apoio e envolvimento de todos que participaram direta e indiretamente desses dois anos de gestão.
fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/se/noticias/index.php?p=65225
quarta-feira, 30 de março de 2016
O Instituto Biológico (IB) é um centro de pesquisa um dos principais centros de formação de cientistas do estado, com forte atuação na área de pós-graduação.
Instituto Biológico vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, voltado à produção, difusão e transferência de tecnologias e conhecimento científico nas áreas de agronegócio, biossegurança e atividades correlatas. Localiza-se no distrito de Vila Mariana, na cidade de São Paulo, nos arredores do Parque do Ibirapuera. O instituto foi criado em 1927, para combater uma praga que, três anos antes, havia devastado os cafezais paulistas. Em pouco tempo, tornou-se referência nacional na área de pesquisa agrícola.
Administra um vasto conjunto de laboratórios espalhados pelo estado de São Paulo. Em sua sede na capital paulista, o IB abriga os Centros de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal, Vegetal e Proteção Ambiental, além do Museu do Instituto Biológico, do Centro de Memória e uma biblioteca com mais de 100 mil volumes.
No interior, mantém o Centro Avançado de Tecnologia do Agronegócio Avícola, no município de Descalvado, a Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento, em Bastos, e o Centro Experimental Central, em Campinas. O IB também é responsável por uma série de publicações e boletins científicos e mantém sob sua guarda um importante acervo de helmintologia, bacteriologia, micoteca, herbário, entomologia e de microorganismos entomopatogênicos.
terça-feira, 29 de março de 2016
Walter Taverna e Renato Cury ( Sport Models ), no Instituto Biológico, dia 16 de Abril, na coroação da Rainha e Princesas da República de Vila Mariana.
República da Vila Mariana - “Viver é gostar de gente”
Walter Taverna idealizador e colaboradores atuantes da República da Vila Mariana, criadores do programa “Viver na República da Vila Mariana”, realizam a Festa no Instituto Biológico, o mote “O SORRISO e a FELICIDADES das pessoas”, evento com apresentação musical, homenagens a personalidades, apresentação de performance de Igor Bartchewsky, bem como o concurso da RAINHA da República de Vila Mariana.
O programa terá lugar, na área externa nos jardins e na beleza arquitetônica do Instituto Biológico, referência Paulista e Brasileira em Pesquisa Científica, Áreas Vegetal, Animal e Ambiental, na Vila Mariana, zona sul paulistana. Projetado pelo arquiteto Mario Whately e considerado um dos principais exemplares da arquitetura art déco do Estado, o edifício de nove andares começou a ser construído em 1928 e foi finalizado 17 anos mais tarde, em janeiro de 1945, tornando-se um marco no processo de urbanização do bairro na Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Vila Mariana, em São Paulo.
Eventos, realizados no Instituto Biológico, tais como;
a) a comemoração aos 15 anos do jornal PEDAÇO da VILA, que é o jornal do bairro da Vila Mariana de propriedade de Denise Delfim;
b) homenagem do Instituto Biológico, em 2013 ao Sr. Walter Taverna, presidente da "Republica da Vila Mariana";
c) Comemoração no Dia 22 de maio que foi a data escolhida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para comemorar o Dia Internacional da Biodiversidade com o objetivo da conscientização da população mundial para a importância da diversidade biológica, e para a necessidade da proteção da biodiversidade em todo o mundo;
d) entre outras manifestações; forma a comunidade cultural no Estado de São Paulo e no Brasil.
Na concepção estética e conteudística do evento “Viver é gostar de gente” figuram técnicas modernas de apresentação e modelo atual para compartilhar uma cultura educativa. Nesse ambiente mágico, o público terá oportunidade não só de apreciar, mas interagir com interpretação das musicas e dos artistas convidados, nos jardins do Instituto Biológico como palco. Profissionais com formação artística e atuantes em instituições, formam o quadro de colaboradores.
LOCAL:
Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Vila Mariana, em São Paulo, em 16 de abril de 2016, das14h.às18h.,sábado.
CONTATO
Sodepro - Sociedade de Defesa das Tradições e do Progresso do Bairro da Bixiga
e-mail: centrodememoriadobixiga@gmail.com
São Paulo, 29 de maio de 2016.
fonte: Centro de Memória do Bixiga - acervo @edisonmariotti
Walter Taverna, recebe a estudante de jornalismo Renata Stimo da faculdade Mackenzie, no Centro de Memória do Bixiga.
Imagens da entrevista e da passagem pelo acervo do CMB.
fonte: acervo do Centro de Memória do Bixiga - @edisonmariotti
sexta-feira, 25 de março de 2016
Homenagem ao SANFONEIRO.
BIXIGA PARA TODOS -
]O SANFONEIRO,
traz o SORRISO e a FELICIDADES das pessoas -
Viver é gostar de gente.
traz o SORRISO e a FELICIDADES das pessoas -
Viver é gostar de gente.
fonte: Centro de Memória do Bixiga - acervo @edisonmariotti
quinta-feira, 24 de março de 2016
Walter Taverna e a SODEPRO - FESTA DO SANFONEIRO - Sanfona é adotada por nova geração de músicos.
Instrumento é levado para escolas, concertos e blocos de carnaval
Não faz mais de 15 anos. Marcos Nimrichter ia se apresentar ao piano com uma orquestra cujo nome não vem ao caso. Nos ensaios, um amigo falou dele para outro músico: “Olha só: o Nimrichter, além de pianista, é um grande acordeonista.” O músico, então, virou-se para Marcos: “Você toca acordeom? Sanfona? Mas esse instrumento ainda existe?”
— Pior que ele estava certo. Na época, era como se a sanfona não existisse — diz Marcos, hoje com 45 anos.
Oito baixos. Hermeto Pascoal e a sanfona que ganhou quando tinha 8 anos.
- Pedro Kirilos / Agência O Globo
Sucesso de público com Luiz Gonzaga e de crítica graças a nomes como Sivuca e Dominguinhos, o instrumento andava meio esquecido. Fosse sanfona, acordeom ou gaita (todos sinônimos), ficava restrito a festas juninas e aos últimos formandos do forró universitário. Hoje, a história é outra.
Uma nova geração de músicos, do Rio e de outros estados, está tirando a sanfona do gueto regionalista: tem acordeom no rock, no jazz e no carnaval de rua. A procura pelo instrumento cresceu nas lojas, quem faz manutenção está cheio de serviço e as fábricas italianas estão abarrotadas de encomendas brasileiras.
Além das festas de São João (13º e 14º de todo sanfoneiro), o calendário agora é povoado por eventos dedicados à pluralidade do instrumento. Exemplo: entre 14 e 18 de julho, em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), ocorre o III Festival Internacional da Sanfona. O evento foi criado por Celso Carvalho e Targino Gondim, famoso pela canção “Esperando na janela”, do filme “Eu tu eles”. Para Targino, o conceito é quebrar preconceitos:
— Trazemos músicos do mundo todo para mostrar uma sanfona universal. Temos que abrir a cabeça do povo.
Targino reforça: o instrumento, surgido na Alemanha no século XIX, é complexo. Num modelo profissional, além de suportar 15 quilos nas costas, o sanfoneiro precisa harmonizar a “respiração” do fole, 41 teclas (tocadas com a mão direita, que fazem a melodia da música) e 120 baixos (os botões da esquerda, que ajudam no ritmo e na harmonia).
— Fica essa história que sanfona é coisa de matuto... — lamenta Targino.
Batismo. Targino Gondim faz questão de ter
seu nome em sua sanfona. - Custodio Coimbra / Agência O Globo
A associação entre sanfona e matutice pode ser creditada à bossa nova, que explodiu no final dos anos 1950 jogando um raio cafonizador em tudo que não se encaixava no esquema banquinho-e-violão. Até então, o Brasil vivia uma “infernal mania nacional pelo acordeom (...) Hoje parece difícil de acreditar, mas vivia-se sob o império daquele instrumento”, escreveu o parcial Ruy Castro em “Chega de Saudade — A história e as histórias da Bossa Nova”. O ensino do instrumento era quase obrigatório entre jovens de classe média. Mário Mascarenhas, dominava o movimento: fabricava gaitas em Caxias do Sul (RS), mantinha uma rede de academias pelo Brasil e, ao fim de cada ano, promovia um concerto no Teatro Municipal. Em 1958, a batida mágica de João Gilberto levou milhares do fole do acordeom para os acordes do violão.
— A bossa nova trouxe uma mistura de samba com jazz que contrastava com a estridência da sanfona e o vozeirão de Luiz Gonzaga — justifica Marcelo Caldi, acordeonista com formação acadêmica em música que já lançou discos onde explora os limites do instrumento no tango e no choro.
Desde o ano passado, Caldi tem um projeto educacional chamado “Sanfona — É cultura popular nas escolas”, onde apresenta o instrumento.
— Muitos não conhecem — diz Caldi. — O efeito da bossa nova foi forte: Sivuca teve que tocar violão para sobreviver.
PROFESSOR. Marcelo Caldi promove tem um projeto onde
apresenta a sanfona para estudantes - Custodio Coimbra / Agência O Globo
Alheio a modismos, o multi-instrumentista Hermeto Pascoal seguiu tocando tudo, inclusive acordeom, seu primeiro instrumento. Aos 79 anos, o alagoano ainda faz miséria com a Hering de oito baixos que ganhou aos 8 — foi um presente por aprender sozinho a tocar a gaita do pai.
— Um dia, minha mãe avisou que o pai ia voltar mais cedo da roça. Fiquei me cagando de medo, desculpe a expressão. Mas ele só queria me ver tocar. Gostou tanto que vendeu uma rês (gado) para me comprar um instrumento melhor, esse daqui — diz Hermeto, acariciando a sanfona. — Três meses depois, eu e meu irmão José Neto estávamos nos apresentando: éramos Os Galegos do Pascoal.
De volta ao Jabour, subúrbio do Rio, após uma temporada em Curitiba, o músico celebra a nova safra de sanfoneiros. E defende a pluralidade do instrumento:
— Pelo sucesso do Luiz Gonzaga, ele ficou rotulado. Parece que só serve para tocar um tipo de música. Mas no acordeom você pode tocar tudo, até percussão — afirma ele, e passa a batucar na santona.
Herança. Hermeto Pascoal e sua sanfona de 8 baixos,
em seu apartamento em Bangu. - Pedro Kirilos / Agência O Globo
Até em Juazeiro, no interior da Bahia, a sanfona ganhou rótulo de “brega’’. No início dos anos 1980, quando Targino Gondim quis deixar o teclado após ver o pai tocar “Asa branca” no acordeom, enfrentou oposição dentro de casa.
— Meus irmãos não entendiam. Quando tocava para as visitas, ouvia: “Mas o que é isso, um menino tão bonito, tão inteligente, tocando sanfona.’’ Mas nunca me arrependi da troca.
Targino ia aparecer em “Eu tu eles”, só que o diretor Andrucha Waddington achou que ele não tinha cara de sanfoneiro (“acho que ele queria alguém mais rústico”). Mas “Esperando na janela” entrou, na voz de Gilberto Gil — um daqueles meninos que começaram tocando acordeom nos idos dos anos 1950.
— Sempre gostei muito do som que sai da sanfona, daquele jeito de tocar comprimindo o ar que entra lá dentro, experimentar as infinitas variações, harmonias... — lembra Gil, que está em turnê com Caetano Veloso pela Europa. — Gonzaga foi o primeiro ídolo da minha infância, quem me despertou para a música, a ter vontade de estudar, aprender... Por causa dele meus pais me deram um acordeom quando eu tinha uns 9 anos, que guardo até hoje.
Quando Luiz Gonzaga morreu, em 1989, Gonzaguinha entregou uma das sanfonas do pai para o pesquisador musical Ricardo Cravo Albin — o instrumento Todeschini, cheio de adesivos e enfeites, hoje parte do acervo o Instituto Cultural Cravo Albin, na Urca. Gonzaguinha, que não seguiu os passos sanfoneiros de Gonzagão, faleceu num acidente de carro em 1991, mesmo ano em que o niteroiense Marcos Nimrichter resolveu levar sanfona a sério.
ERUDITO E POPULAR. O pianista Marcos Nimrichter
se apaixonou pela sanfona. - Custodio Coimbra / Agência O Globo
— Para mim, acordeom ainda era sinônimo de forró, até que eu comecei a estudar o instrumento por conta própria e um mundo novo se abriu. Eu vinha do piano, e o movimento do fole e a sustentação prolongada da nota representavam uma maneira nova de se expressar — lembra Nimrichter, que gravou o “Concerto para acordeom, orquestra e cordas”, de Radamés Gnatalli. — Hoje eu acho que Dominguinhos está no nível dos clássicos que estudei na faculdade de Música.
Assim como vários acordeonistas cariocas, Nimrichter comprou seu primeiro instrumento com o lendário Romeo Longo, imigrante italiano que consertava, tunava e vendia sanfonas. O negócio foi assumido por seu filho Rafael, 39 anos, que segue atendendo a antiga e a nova clientela.
— Para você ter uma ideia, só pego serviço a partir de janeiro. O mercado aqueceu demais. Quando comecei, ajudando meu pai, diziam que sanfona era “coisa de paraíba”. Hoje, cada vez mais aparece jovem querendo tocar, evangélico que usa para som gospel, até funkeiro — diz Rafael, que adverte: — Cuidado no conserto: tem muito curioso assassinando os instrumentos.
Nas lojas de instrumentos do Centro do Rio e na Rua Teodoro Sampaio, em São Paulo, os acordeons voltaram às vitrines. As fábricas nacionais, como a Lettice, de Campina Grande (PB), estão cheias de encomendas. Muitos sanfoneiros brasileiros vão até a Itália para testar e comprar por até R$ 30 mil os modelos das marcas Scandalli e Giuliette, as mais conceituadas no mercado. E todos que querem eletrificar a sua vão ao mesmo endereço da Zona Leste paulistana: a casa de Manoel Jeneci, inventor do captador de áudio para sanfona.
Seu Manoel está com a agenda lotada. Sempre curioso por assuntos eletroeletrônicos, do tipo que montava e desmontava o rádio da mãe quando era pequeno, ele antes experimentava com teclados, que vendia de loja em loja. O demonstrador do produto era seu filho, Marcelo Jeneci.
POP. Marcelo Janeci e sua sanfona na sua casa, em São Paulo.
- Fernando Donasci / Agência O Globo
Um dos novos expoentes da MPB, Marcelo, 33 anos, surgiu justamente tocando sanfona, instrumento que ele via o pai fuçar, mas nunca tinha se arriscado. Até receber uma proposta que considerou irrecusável: uma turnê com Chico César pela Europa.
— Menti que sabia tocar. Nem tinha sanfona: Dominguinhos, amigo da família, me emprestou uma. Aprendi por desejo e necessidade. Graças aos companheiros de banda, deu tudo certo.
Jeneci está enfurnado nas gravações do novo disco de Arnaldo Antunes. No mundo pop, não é só o ex-Titã que vê a sanfona com bons ouvidos. O instrumento está nos álbuns e shows de estrelas latinas como Julieta Venegas e Jorge Drexler, nomões como Bruce Springsteen e Foo Fighters e alternativos como Arcade Fire e Beirut.
Mesmo com esse pedigree roqueiro, o acordeom do carioca Kiko Horta era malvisto nas bandas dos amigos:
— Essa galera perguntava: “Você vai tocar Jimi Hendrix com esse instrumento de velho?” Poxa, quer algo mais rock’n’roll que o Luiz Gonzaga tocando “Vira e mexe” com aquela roupa de couro? Quer mais virtuose que o Dominguinhos? Mas ninguém percebia o tamanho desses caras.
Filho de Luiz Paulo Horta, que fazia críticas de música erudita no GLOBO, Kiko, 38 anos, já conta com um currículo variado, que vai de concertos na Sala Cecília Meireles ao carnaval de rua — seu acordeom anima os foliões no bloco Cordão do Boitatá.
— Hoje se configurou um novo cenário para a sanfona, firme e diferente — diz Kiko, que prepara para este ano um álbum instrumental e autoral que vai se chamar “Sanfona carioca’’.
PODE? Kiko Horta levava sanfona para tocar Hendrix
com amigos - Custódio Coimbra / Agência O Globo
Numa cena em que também se destacam Chico Chagas, Bebê Kramer e Toninho Ferraguti, o “sanfoneiro-educador” Marcelo Caldi acredita que ainda há barreiras a serem quebradas:
— Todo mundo tem que conhecer sanfona, a gente precisa passar pelas nossas raízes. A união do erudito com o popular é o que vai salvar a música brasileira.
Para Jeneci, o som da sanfona varia como o sotaque do sanfoneiro, mas com um sentimento em comum:
— É um instrumento com um sopro muito bacana, muito bonito, que ilustra uma certa melancolia. O timbre dele, no nosso imaginário coletivo, tem a ver com saudade. Os lamentos sertanejos, os aboios escancaram isso. Mas, no fundo, tem também deleite, uma satisfação de quem vive a vida todinha.
Sanfoneira. Lucy Alves começou a
tocar com a família - YK / YK
O XOTE DAS MENINAS
Podem ser os 15 quilos do instrumento. Pode ser por que, apesar do sucesso de Adelaide Chiozzo, não surgiram sanfoneiras no nível de gênios como Gonzagão e Dominguinhos. O fato é que o acordeom ainda é visto como um instrumento masculino.
No cenário atual, quem se destaca é Lucy Alves, que ficou famosa no reality show “The voice Brasil”, da TV Globo.
— A sanfona sempre foi protagonista no seio de minha família. Meu bisavô, meus tios já tocavam esse instrumento — diz Lucy, que emenda um show atrás do outro nesta época do ano. — Terminei me interessando também, na verdade me apaixonando por esse instrumento tão completo.Eu e várias outras mulheres estamos desmistificando tudo isso e provando que também conseguimos segurar a sanfona no peito, e tocar tão bem quanto os homens.
Outro nome que desponta é Adriana Sanchez. Seu último disco, “Salve Luiz — Tributo a Luiz Gonzaga”, tem participação de Zeca Baleiro. E há, claro, sanfoneiras gringas: no III Festival Internacional da Sanfona, um dos nomes mais esperados é a romena Ksenija Sidorova.
fonte: Centro de Memória do Bixiga Acervo @edisonmariotti
quarta-feira, 23 de março de 2016
Walter Taverna recebe Alunas de arquitetura da Faculdade de Belas Artes no Centro de Memória do Bixiga.
Luísa Chemenian,
Akemy Uyesaka e amigas
no Centro de Memória do Bixiga.
fonte: Centro de Memória do Bixiga - acervo @edisonmariotti
domingo, 20 de março de 2016
Walter Taverna e a SODEPRO - FESTA DO SANFONEIRO - Bloco dos Sanfoneiros solta seu fole rasgado, tocando pé-de-serra em ritmo de frevo
Pernambuco é um estado rico em manifestações culturais e populares. No período do Carnaval, o território pernambucano inspira música e ritmos dos mais diversos, do Recife a Petrolina. Além de frevo, maracatu e caboclinho, o forró também tem seu espaço na folia de Momo. Na cidade de Salgueiro, no Sertão, foi criado, há quatro anos, o Bloco dos Sanfoneiros, sob o comando de Pedro Ribeiro Queiroz Filho, de 53 anos.
Nas vésperas do Carnaval, Pedro Filho e os demais integrantes do Bloco dos Sanfoneiros gravaram um CD (checar essa informação), com músicas para acompanhá-los durante o desfile, que acontece toda Segunda-Feira de Carnaval. “Eu faço o CD no estúdio, passo para o carro de som e aí nós começamos a tocar e a seguir com o carro pelas ruas”, conta o sanfoneiro. Ele diz que o bloco recebeu o carinho dos habitantes de Salgueiro e o ritmo já adorado na cidade, o forró, não fica em falta durante o Carnaval.
Músicas de sucesso no forró pé-de-serra, como “A dança da moda”, “Boiadeiro”, “Asa branca” e “O xote das meninas”, ganham arranjos em frevo e levam os foliões salgueirenses pelas ruas a frevar (ou a forrozar), acompanhando o Bloco dos Sanfoneiros.
HOMENAGEM A LUIZ GONZAGA
Em 2012, ano do centenário de Luiz Gonzaga, o bloco não ficou de fora das homenagens ao Rei do Baião. O Bloco dos Sanfoneiros saiu no Carnaval fazendo referência a seu grande mestre. “A gente não fala neste povo nordestino se não tem forró. Então não podemos cantar em forró sem tocar Luiz Gonzaga”, fala o fundador do bloco.
No repertório do Bloco dos Sanfoneiros para o Carnaval, sucessos de Luiz Gonzaga como “Riacho do navio”, “Respeita Januário” e “Asa branca”. Para Pedro Filho, foi uma oportunidade de incentivar o gosto pelo pé-de-serra, mesmo que seja tocando grandes sucessos do forró no ritmo de frevo.
VIDA DE SANFONEIRO
Sanfoneiro é quem gosta do autêntico pé-de-serra. “Porque sanfoneiros eu conheço muito, mas têm aqueles de banda, e sanfoneiro mesmo é aquele que toca o pé-de-serra”, ensina o sanfoneiro Pedro Filho.
“Eu fui inspirado em Luiz Gonzaga, desde criança meu pai tocava sanfona e eu pelejava, mas nunca tinha tido a chance de tocar”. Foi então que Pedro Filho começou a trabalhar e a juntar um dinheirinho, na adolescência. Depois de um tempo, finalmente ele conseguiu comprar sua primeira sanfona. “E tem seis anos que eu já tenho o Grupo Irmão Nordestino, onde eu comecei mesmo a tocar e a fazer minhas apresentações”, enfatiza o sanfoneiro.
Apesar de gostar muito da sanfona, Pedro Filho não conseguiu se dedicar a ela com exclusividade. Já foi pedreiro, vaqueiro e, em São Paulo, chegou a trabalhar em fábricas. Nas horas vagas, sempre estava com o instrumento e bastava aparecer uma brecha que começava a tocar. “Eu sou apaixonado pelo forró pé-de-serra. Onde for possível eu estou tocando e quase sempre chorando, porque certas músicas me deixam sensível”, comenta o sanfoneiro.
Pelo que Pedro Filho falou à nossa equipe, sanfoneiro é isso: um homem com verdadeiro amor ao arrasta-pé genuíno, à sanfona e ao prazer de tocar e levar alegria para as pessoas. “Eu sou agricultor, tenho minha rocinha e trabalho no dia a dia na terra, mas, de noite, estou na sanfona”. Para ele, não tem cansaço físico que o impeça de tocar, chegando a realizar duas apresentações por noite na época de São João. Pedro Filho relembra Dominguinhos e diz: “A vida de sanfoneiro é pesada, mas tenho amor ao que faço”.
Após uma pausa na conversa – ou na prosa, como se diz – os sanfoneiros assumiram seus respectivos postos no palco do bar Sertanejo e o difícil foi tirá-los de lá. Pedro Filho e seus companheiros não davam trégua para a sanfona, a zabumba e o triângulo. E foi com a sanfona nos braços, um sorriso constante e os olhos cheios de lágrimas que nos despedimos de Pedro Filho e de seus amigos sanfoneiros, enquanto tocavam num ensaio improvisado.
HISTÓRIA DO BLOCO
O nosso amigo sanfoneiro conta um pouco da história do seu bloco: “A gente sempre tocou forró pé-de-serra e um amigo, então secretário de Cultura João Bria, foi quem incentivou, dizendo: ‘Seu Pedro, pega a sanfona hoje e toca. Não tem dinheiro, mas se você gostar, pega a sanfona e sai’”. Este foi o início do nascimento do Bloco dos Sanfoneiros de Salgueiro. Em 2009, no seu primeiro Carnaval, a agremiação sertaneja começou tímida, saindo da casa do seu fundador com apenas três integrantes. No andar do corso, foi agregando foliões e curiosos dos demais blocos da cidade, como A Bicharada do Mestre Jaime, Os Insetos, A Tabacaria etc. “Aí gostei da ideia e resolvi continuar a sair no Carnaval com meu Grupo Irmão Nordestino e com o Bloco dos Sanfoneiros”, relata Pedro Filho.
Composto por 15 sanfoneiros, sete trianguistas, sete zabumbeiros e sete pandeiristas, o desfile dos sanfoneiros no Carnaval salgueirense tem largada da sua sede, ao lado do Santuário da cidade, na Segunda-feira de Carnaval, às 14h, com a primeira parada oficial no palco principal da cidade. Depois daí, retorna para a sede, totalizando um percurso de mais de duas horas, quando Salgueiro se enche de frevo tocado com sanfona.
Com apoio do poder público, o bloco foi se estruturando e ganhando corpo. Em 2010, Pedro Filho já organizou uma camisa para os integrantes do bloco, que não deu para quem quis. “Eu tinha feito 50 camisas, mas acabaram num instante”, comentou o sanfoneiro, que no ano seguinte já dobrou o número de camisas para os amantes do forró. No último carnaval, foram confeccionadas 180 camisas em homenagem a Luiz Gonzaga.
“A sede do bloco é lá em casa mesmo, eu recebo os sanfoneiros todos os anos lá com um mungunzá, uma caipirinha e cervejinha para animar e depois saímos no Carnaval”, adianta Pedro Filho sobre os preparativos que acontecem todos os anos, antes da troça dos sanfoneiros sair com seu fole rasgado pelas ruas de Salgueiro.
Por: Raquel Holanda
Ricardo MouraRicardo Moura
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Nas vésperas do Carnaval, Pedro Filho e os demais integrantes do Bloco dos Sanfoneiros gravaram um CD (checar essa informação), com músicas para acompanhá-los durante o desfile, que acontece toda Segunda-Feira de Carnaval. “Eu faço o CD no estúdio, passo para o carro de som e aí nós começamos a tocar e a seguir com o carro pelas ruas”, conta o sanfoneiro. Ele diz que o bloco recebeu o carinho dos habitantes de Salgueiro e o ritmo já adorado na cidade, o forró, não fica em falta durante o Carnaval.
Músicas de sucesso no forró pé-de-serra, como “A dança da moda”, “Boiadeiro”, “Asa branca” e “O xote das meninas”, ganham arranjos em frevo e levam os foliões salgueirenses pelas ruas a frevar (ou a forrozar), acompanhando o Bloco dos Sanfoneiros.
HOMENAGEM A LUIZ GONZAGA
Em 2012, ano do centenário de Luiz Gonzaga, o bloco não ficou de fora das homenagens ao Rei do Baião. O Bloco dos Sanfoneiros saiu no Carnaval fazendo referência a seu grande mestre. “A gente não fala neste povo nordestino se não tem forró. Então não podemos cantar em forró sem tocar Luiz Gonzaga”, fala o fundador do bloco.
No repertório do Bloco dos Sanfoneiros para o Carnaval, sucessos de Luiz Gonzaga como “Riacho do navio”, “Respeita Januário” e “Asa branca”. Para Pedro Filho, foi uma oportunidade de incentivar o gosto pelo pé-de-serra, mesmo que seja tocando grandes sucessos do forró no ritmo de frevo.
VIDA DE SANFONEIRO
Sanfoneiro é quem gosta do autêntico pé-de-serra. “Porque sanfoneiros eu conheço muito, mas têm aqueles de banda, e sanfoneiro mesmo é aquele que toca o pé-de-serra”, ensina o sanfoneiro Pedro Filho.
“Eu fui inspirado em Luiz Gonzaga, desde criança meu pai tocava sanfona e eu pelejava, mas nunca tinha tido a chance de tocar”. Foi então que Pedro Filho começou a trabalhar e a juntar um dinheirinho, na adolescência. Depois de um tempo, finalmente ele conseguiu comprar sua primeira sanfona. “E tem seis anos que eu já tenho o Grupo Irmão Nordestino, onde eu comecei mesmo a tocar e a fazer minhas apresentações”, enfatiza o sanfoneiro.
Apesar de gostar muito da sanfona, Pedro Filho não conseguiu se dedicar a ela com exclusividade. Já foi pedreiro, vaqueiro e, em São Paulo, chegou a trabalhar em fábricas. Nas horas vagas, sempre estava com o instrumento e bastava aparecer uma brecha que começava a tocar. “Eu sou apaixonado pelo forró pé-de-serra. Onde for possível eu estou tocando e quase sempre chorando, porque certas músicas me deixam sensível”, comenta o sanfoneiro.
Pelo que Pedro Filho falou à nossa equipe, sanfoneiro é isso: um homem com verdadeiro amor ao arrasta-pé genuíno, à sanfona e ao prazer de tocar e levar alegria para as pessoas. “Eu sou agricultor, tenho minha rocinha e trabalho no dia a dia na terra, mas, de noite, estou na sanfona”. Para ele, não tem cansaço físico que o impeça de tocar, chegando a realizar duas apresentações por noite na época de São João. Pedro Filho relembra Dominguinhos e diz: “A vida de sanfoneiro é pesada, mas tenho amor ao que faço”.
Após uma pausa na conversa – ou na prosa, como se diz – os sanfoneiros assumiram seus respectivos postos no palco do bar Sertanejo e o difícil foi tirá-los de lá. Pedro Filho e seus companheiros não davam trégua para a sanfona, a zabumba e o triângulo. E foi com a sanfona nos braços, um sorriso constante e os olhos cheios de lágrimas que nos despedimos de Pedro Filho e de seus amigos sanfoneiros, enquanto tocavam num ensaio improvisado.
HISTÓRIA DO BLOCO
O nosso amigo sanfoneiro conta um pouco da história do seu bloco: “A gente sempre tocou forró pé-de-serra e um amigo, então secretário de Cultura João Bria, foi quem incentivou, dizendo: ‘Seu Pedro, pega a sanfona hoje e toca. Não tem dinheiro, mas se você gostar, pega a sanfona e sai’”. Este foi o início do nascimento do Bloco dos Sanfoneiros de Salgueiro. Em 2009, no seu primeiro Carnaval, a agremiação sertaneja começou tímida, saindo da casa do seu fundador com apenas três integrantes. No andar do corso, foi agregando foliões e curiosos dos demais blocos da cidade, como A Bicharada do Mestre Jaime, Os Insetos, A Tabacaria etc. “Aí gostei da ideia e resolvi continuar a sair no Carnaval com meu Grupo Irmão Nordestino e com o Bloco dos Sanfoneiros”, relata Pedro Filho.
Composto por 15 sanfoneiros, sete trianguistas, sete zabumbeiros e sete pandeiristas, o desfile dos sanfoneiros no Carnaval salgueirense tem largada da sua sede, ao lado do Santuário da cidade, na Segunda-feira de Carnaval, às 14h, com a primeira parada oficial no palco principal da cidade. Depois daí, retorna para a sede, totalizando um percurso de mais de duas horas, quando Salgueiro se enche de frevo tocado com sanfona.
Com apoio do poder público, o bloco foi se estruturando e ganhando corpo. Em 2010, Pedro Filho já organizou uma camisa para os integrantes do bloco, que não deu para quem quis. “Eu tinha feito 50 camisas, mas acabaram num instante”, comentou o sanfoneiro, que no ano seguinte já dobrou o número de camisas para os amantes do forró. No último carnaval, foram confeccionadas 180 camisas em homenagem a Luiz Gonzaga.
“A sede do bloco é lá em casa mesmo, eu recebo os sanfoneiros todos os anos lá com um mungunzá, uma caipirinha e cervejinha para animar e depois saímos no Carnaval”, adianta Pedro Filho sobre os preparativos que acontecem todos os anos, antes da troça dos sanfoneiros sair com seu fole rasgado pelas ruas de Salgueiro.
fonte: Centro de Memória do Bixiga acervo: @edisonmariotti
Ricardo MouraRicardo Moura
Carnaval, frevo e sanfona
Bloco dos Sanfoneiros solta seu fole rasgado, tocando pé-de-serra em ritmo de frevo
Postado em:
Carnaval 2016 | Cultura popular e artesanato | Fundarpe | Música | Secretaria de Cultura
Por: Raquel Holanda
Ricardo Moura
Pernambuco é um estado rico em manifestações culturais e populares. No período do Carnaval, o território pernambucano inspira música e ritmos dos mais diversos, do Recife a Petrolina. Além de frevo, maracatu e caboclinho, o forró também tem seu espaço na folia de Momo. Na cidade de Salgueiro, no Sertão, foi criado, há quatro anos, o Bloco dos Sanfoneiros, sob o comando de Pedro Ribeiro Queiroz Filho, de 53 anos.
Nas vésperas do Carnaval, Pedro Filho e os demais integrantes do Bloco dos Sanfoneiros gravaram um CD (checar essa informação), com músicas para acompanhá-los durante o desfile, que acontece toda Segunda-Feira de Carnaval. “Eu faço o CD no estúdio, passo para o carro de som e aí nós começamos a tocar e a seguir com o carro pelas ruas”, conta o sanfoneiro. Ele diz que o bloco recebeu o carinho dos habitantes de Salgueiro e o ritmo já adorado na cidade, o forró, não fica em falta durante o Carnaval.
Músicas de sucesso no forró pé-de-serra, como “A dança da moda”, “Boiadeiro”, “Asa branca” e “O xote das meninas”, ganham arranjos em frevo e levam os foliões salgueirenses pelas ruas a frevar (ou a forrozar), acompanhando o Bloco dos Sanfoneiros.
HOMENAGEM A LUIZ GONZAGA
Em 2012, ano do centenário de Luiz Gonzaga, o bloco não ficou de fora das homenagens ao Rei do Baião. O Bloco dos Sanfoneiros saiu no Carnaval fazendo referência a seu grande mestre. “A gente não fala neste povo nordestino se não tem forró. Então não podemos cantar em forró sem tocar Luiz Gonzaga”, fala o fundador do bloco.
No repertório do Bloco dos Sanfoneiros para o Carnaval, sucessos de Luiz Gonzaga como “Riacho do navio”, “Respeita Januário” e “Asa branca”. Para Pedro Filho, foi uma oportunidade de incentivar o gosto pelo pé-de-serra, mesmo que seja tocando grandes sucessos do forró no ritmo de frevo.
VIDA DE SANFONEIRO
Sanfoneiro é quem gosta do autêntico pé-de-serra. “Porque sanfoneiros eu conheço muito, mas têm aqueles de banda, e sanfoneiro mesmo é aquele que toca o pé-de-serra”, ensina o sanfoneiro Pedro Filho.
“Eu fui inspirado em Luiz Gonzaga, desde criança meu pai tocava sanfona e eu pelejava, mas nunca tinha tido a chance de tocar”. Foi então que Pedro Filho começou a trabalhar e a juntar um dinheirinho, na adolescência. Depois de um tempo, finalmente ele conseguiu comprar sua primeira sanfona. “E tem seis anos que eu já tenho o Grupo Irmão Nordestino, onde eu comecei mesmo a tocar e a fazer minhas apresentações”, enfatiza o sanfoneiro.
Apesar de gostar muito da sanfona, Pedro Filho não conseguiu se dedicar a ela com exclusividade. Já foi pedreiro, vaqueiro e, em São Paulo, chegou a trabalhar em fábricas. Nas horas vagas, sempre estava com o instrumento e bastava aparecer uma brecha que começava a tocar. “Eu sou apaixonado pelo forró pé-de-serra. Onde for possível eu estou tocando e quase sempre chorando, porque certas músicas me deixam sensível”, comenta o sanfoneiro.
Pelo que Pedro Filho falou à nossa equipe, sanfoneiro é isso: um homem com verdadeiro amor ao arrasta-pé genuíno, à sanfona e ao prazer de tocar e levar alegria para as pessoas. “Eu sou agricultor, tenho minha rocinha e trabalho no dia a dia na terra, mas, de noite, estou na sanfona”. Para ele, não tem cansaço físico que o impeça de tocar, chegando a realizar duas apresentações por noite na época de São João. Pedro Filho relembra Dominguinhos e diz: “A vida de sanfoneiro é pesada, mas tenho amor ao que faço”.
Após uma pausa na conversa – ou na prosa, como se diz – os sanfoneiros assumiram seus respectivos postos no palco do bar Sertanejo e o difícil foi tirá-los de lá. Pedro Filho e seus companheiros não davam trégua para a sanfona, a zabumba e o triângulo. E foi com a sanfona nos braços, um sorriso constante e os olhos cheios de lágrimas que nos despedimos de Pedro Filho e de seus amigos sanfoneiros, enquanto tocavam num ensaio improvisado.
HISTÓRIA DO BLOCO
O nosso amigo sanfoneiro conta um pouco da história do seu bloco: “A gente sempre tocou forró pé-de-serra e um amigo, então secretário de Cultura João Bria, foi quem incentivou, dizendo: ‘Seu Pedro, pega a sanfona hoje e toca. Não tem dinheiro, mas se você gostar, pega a sanfona e sai’”. Este foi o início do nascimento do Bloco dos Sanfoneiros de Salgueiro. Em 2009, no seu primeiro Carnaval, a agremiação sertaneja começou tímida, saindo da casa do seu fundador com apenas três integrantes. No andar do corso, foi agregando foliões e curiosos dos demais blocos da cidade, como A Bicharada do Mestre Jaime, Os Insetos, A Tabacaria etc. “Aí gostei da ideia e resolvi continuar a sair no Carnaval com meu Grupo Irmão Nordestino e com o Bloco dos Sanfoneiros”, relata Pedro Filho.
Composto por 15 sanfoneiros, sete trianguistas, sete zabumbeiros e sete pandeiristas, o desfile dos sanfoneiros no Carnaval salgueirense tem largada da sua sede, ao lado do Santuário da cidade, na Segunda-feira de Carnaval, às 14h, com a primeira parada oficial no palco principal da cidade. Depois daí, retorna para a sede, totalizando um percurso de mais de duas horas, quando Salgueiro se enche de frevo tocado com sanfona.
Com apoio do poder público, o bloco foi se estruturando e ganhando corpo. Em 2010, Pedro Filho já organizou uma camisa para os integrantes do bloco, que não deu para quem quis. “Eu tinha feito 50 camisas, mas acabaram num instante”, comentou o sanfoneiro, que no ano seguinte já dobrou o número de camisas para os amantes do forró. No último carnaval, foram confeccionadas 180 camisas em homenagem a Luiz Gonzaga.
“A sede do bloco é lá em casa mesmo, eu recebo os sanfoneiros todos os anos lá com um mungunzá, uma caipirinha e cervejinha para animar e depois saímos no Carnaval”, adianta Pedro Filho sobre os preparativos que acontecem todos os anos, antes da troça dos sanfoneiros sair com seu fole rasgado pelas ruas de Salgueiro.
Ricardo Moura
Pernambuco é um estado rico em manifestações culturais e populares. No período do Carnaval, o território pernambucano inspira música e ritmos dos mais diversos, do Recife a Petrolina. Além de frevo, maracatu e caboclinho, o forró também tem seu espaço na folia de Momo. Na cidade de Salgueiro, no Sertão, foi criado, há quatro anos, o Bloco dos Sanfoneiros, sob o comando de Pedro Ribeiro Queiroz Filho, de 53 anos.
Nas vésperas do Carnaval, Pedro Filho e os demais integrantes do Bloco dos Sanfoneiros gravaram um CD (checar essa informação), com músicas para acompanhá-los durante o desfile, que acontece toda Segunda-Feira de Carnaval. “Eu faço o CD no estúdio, passo para o carro de som e aí nós começamos a tocar e a seguir com o carro pelas ruas”, conta o sanfoneiro. Ele diz que o bloco recebeu o carinho dos habitantes de Salgueiro e o ritmo já adorado na cidade, o forró, não fica em falta durante o Carnaval.
Músicas de sucesso no forró pé-de-serra, como “A dança da moda”, “Boiadeiro”, “Asa branca” e “O xote das meninas”, ganham arranjos em frevo e levam os foliões salgueirenses pelas ruas a frevar (ou a forrozar), acompanhando o Bloco dos Sanfoneiros.
HOMENAGEM A LUIZ GONZAGA
Em 2012, ano do centenário de Luiz Gonzaga, o bloco não ficou de fora das homenagens ao Rei do Baião. O Bloco dos Sanfoneiros saiu no Carnaval fazendo referência a seu grande mestre. “A gente não fala neste povo nordestino se não tem forró. Então não podemos cantar em forró sem tocar Luiz Gonzaga”, fala o fundador do bloco.
No repertório do Bloco dos Sanfoneiros para o Carnaval, sucessos de Luiz Gonzaga como “Riacho do navio”, “Respeita Januário” e “Asa branca”. Para Pedro Filho, foi uma oportunidade de incentivar o gosto pelo pé-de-serra, mesmo que seja tocando grandes sucessos do forró no ritmo de frevo.
VIDA DE SANFONEIRO
Sanfoneiro é quem gosta do autêntico pé-de-serra. “Porque sanfoneiros eu conheço muito, mas têm aqueles de banda, e sanfoneiro mesmo é aquele que toca o pé-de-serra”, ensina o sanfoneiro Pedro Filho.
“Eu fui inspirado em Luiz Gonzaga, desde criança meu pai tocava sanfona e eu pelejava, mas nunca tinha tido a chance de tocar”. Foi então que Pedro Filho começou a trabalhar e a juntar um dinheirinho, na adolescência. Depois de um tempo, finalmente ele conseguiu comprar sua primeira sanfona. “E tem seis anos que eu já tenho o Grupo Irmão Nordestino, onde eu comecei mesmo a tocar e a fazer minhas apresentações”, enfatiza o sanfoneiro.
Apesar de gostar muito da sanfona, Pedro Filho não conseguiu se dedicar a ela com exclusividade. Já foi pedreiro, vaqueiro e, em São Paulo, chegou a trabalhar em fábricas. Nas horas vagas, sempre estava com o instrumento e bastava aparecer uma brecha que começava a tocar. “Eu sou apaixonado pelo forró pé-de-serra. Onde for possível eu estou tocando e quase sempre chorando, porque certas músicas me deixam sensível”, comenta o sanfoneiro.
Pelo que Pedro Filho falou à nossa equipe, sanfoneiro é isso: um homem com verdadeiro amor ao arrasta-pé genuíno, à sanfona e ao prazer de tocar e levar alegria para as pessoas. “Eu sou agricultor, tenho minha rocinha e trabalho no dia a dia na terra, mas, de noite, estou na sanfona”. Para ele, não tem cansaço físico que o impeça de tocar, chegando a realizar duas apresentações por noite na época de São João. Pedro Filho relembra Dominguinhos e diz: “A vida de sanfoneiro é pesada, mas tenho amor ao que faço”.
Após uma pausa na conversa – ou na prosa, como se diz – os sanfoneiros assumiram seus respectivos postos no palco do bar Sertanejo e o difícil foi tirá-los de lá. Pedro Filho e seus companheiros não davam trégua para a sanfona, a zabumba e o triângulo. E foi com a sanfona nos braços, um sorriso constante e os olhos cheios de lágrimas que nos despedimos de Pedro Filho e de seus amigos sanfoneiros, enquanto tocavam num ensaio improvisado.
HISTÓRIA DO BLOCO
O nosso amigo sanfoneiro conta um pouco da história do seu bloco: “A gente sempre tocou forró pé-de-serra e um amigo, então secretário de Cultura João Bria, foi quem incentivou, dizendo: ‘Seu Pedro, pega a sanfona hoje e toca. Não tem dinheiro, mas se você gostar, pega a sanfona e sai’”. Este foi o início do nascimento do Bloco dos Sanfoneiros de Salgueiro. Em 2009, no seu primeiro Carnaval, a agremiação sertaneja começou tímida, saindo da casa do seu fundador com apenas três integrantes. No andar do corso, foi agregando foliões e curiosos dos demais blocos da cidade, como A Bicharada do Mestre Jaime, Os Insetos, A Tabacaria etc. “Aí gostei da ideia e resolvi continuar a sair no Carnaval com meu Grupo Irmão Nordestino e com o Bloco dos Sanfoneiros”, relata Pedro Filho.
Composto por 15 sanfoneiros, sete trianguistas, sete zabumbeiros e sete pandeiristas, o desfile dos sanfoneiros no Carnaval salgueirense tem largada da sua sede, ao lado do Santuário da cidade, na Segunda-feira de Carnaval, às 14h, com a primeira parada oficial no palco principal da cidade. Depois daí, retorna para a sede, totalizando um percurso de mais de duas horas, quando Salgueiro se enche de frevo tocado com sanfona.
Com apoio do poder público, o bloco foi se estruturando e ganhando corpo. Em 2010, Pedro Filho já organizou uma camisa para os integrantes do bloco, que não deu para quem quis. “Eu tinha feito 50 camisas, mas acabaram num instante”, comentou o sanfoneiro, que no ano seguinte já dobrou o número de camisas para os amantes do forró. No último carnaval, foram confeccionadas 180 camisas em homenagem a Luiz Gonzaga.
“A sede do bloco é lá em casa mesmo, eu recebo os sanfoneiros todos os anos lá com um mungunzá, uma caipirinha e cervejinha para animar e depois saímos no Carnaval”, adianta Pedro Filho sobre os preparativos que acontecem todos os anos, antes da troça dos sanfoneiros sair com seu fole rasgado pelas ruas de Salgueiro.
sábado, 19 de março de 2016
Walter Taverna na homenagem da - ABRASCI - "Fatos Históricos do Mês de Março destacando o Dia Internacional da Mulher"
Nicholas Aguiar Dias da Instituto Biográfico do Brasil e da Academia Brasileirade Ciências, Artes, História e Literatura - ABRASCI no evento: “Fatos Históricos do Mês de Março destacando o Dia Internacional da Mulher”, no dia 18 de março de 2016 as 19:00 horas, na Mansão Hasbaya ,Rua dos Franceses, 518 - Bela Vista.
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