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segunda-feira, 30 de abril de 2018

Walter Taverna, relembra... Era o inicio da noite. Dia 23 de maio, o frio do outono no ar. A revolução de 32 é um caso muito especial.

Apresentação
Cartaz de recrutamento de voluntários
pelo movimento cívico do MMDC


No centro da capital de São Paulo um alvoroço se ouve de longe. Da Praça do Patriarca tomada por uma enorme manifestação desde a manhã, um grupo decide ir até a Praça da República onde se encontra a sede da Legião Revolucionária, uma organização política criada para dar suporte popular à Ditadura. Querem depredá-la, demonstrando seu descontentamento com a situação política do país.

Na rua, os manifestantes discursam e forçam a entrada no prédio. Da janela os partidarios da ditadura esbravejam ameaça-doramente contra os revoltosos. A tensão aumenta. Um rapaz se agarra no portão tentando encontrar um jeito de abri-lo, então cai estrondosamente no chão, fora baleado. Todos ficam estáticos. Um misto de medo e fúria. Tiros são disparados das lanelas e portas contra os manifestantes. Tiros são disparados pelos manifestantes contra os ocupantes do prédio. O tiroteio dura horas. No chão, mortos e feridos. O sangue que escorreu pelas ruas de São Paulo se tornou o rastilho de pólvora que incendiará todo o Brasil. A guerra paira no ar. Os destinos de todos estão em jogo. O ano, 1 932.

A revolução de 32 é um caso muito especial.

Foi a maior mobilização popular e o maior engajamento armado que o país já teve. Quase todas as famílias paulistas tem algum parente que se envolveu na luta. Até hoje pesquisadores e aficionados por história vasculham os campos de batalha encontrando vestígios usados em combate.



Não há na história do Brasil outro movimento revolucionário em que a defesa da memória, culto a heróis e comemorações anuais se|am realizadas pelos derrotados. Isso porque aqueles que venceram fazem de tudo para apagá-la da memória.

32 esta marcado na alma paulista. Mas é preciso trazer essa experiência para nossa realidade. Hoje mais do que nunca as lições do passado nos são vitais.

Mergulhemos um pouco em nossa história.




fonte: Centro de Memória do Bixiga - acervo @edisonmariotti

Fonte original. Revista de História e Cultura do Instituto Rpý

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