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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Janeiro 2008 - Gazzetta D´Italia. - Com o enredo acorda Brasil, Vai-Vai vem com garra e muita fé.

Apesar dos contratempos que vem sofrendo ultimamente por conta de reclamações de vizinhos, a Vai-Vai, em nenhum momento perdeu a garra. Sempre mantendo seu característico alto-astral, a tradicional escola de samba está pronta para levantar o título de Campeã do Carnaval Paulista, conquistado sete vezes, mas que, nos últimos anos, vem lhe escapando das mãos. Com o enredo Vai-Vai Acorda Brasil, a alvinegra do Bixiga confia na vitória.

Foto: Thobias, presidente da Vai-Vai

O samba de Zé Carlinhos, Nayo Denai, Vagner Almeida e Danilo Alves, tem como tema a educação pela música e foi inspirado na peça Acorda Brasil, do empresário Antonio Ermírio de Moraes.

Com o refrão: “Alô Brasil, o nosso povo quer mais/ Educação pra ser feliz!/ Com união, vencer a corrupção/ Passar a limpo este país!”, o samba-enredo deste ano usa todo o poder da “grande ópera do Carnaval” para mostrar o que o povo quer e precisa para atingir a dignidade da cidadania.

O enredo ressalta a importância do contato das crianças e adolescentes com a música erudita e leva para a avenida os maestros João Carlos Martins e Sílvio Baccarelli, este, personagem importantíssimo dentro do tema, além de outras figuras do mundo artístico e cultural como: Mano Brawn, dos Racionais MCs, a atriz Valquíria Ribeiro, a ex menina de rua e ex usuária de drogas Esmeralda Ortiz, autora do livro "Por que não dancei?”, entre outros. A madrinha da bateria será a modelo e apresentadora de TV Amanda Françozo.

O presidente da escola, Thobias, está tranqüilo. “Apesar das adversidades, o astral está legal, a escola está unida e disposta a ir para a avenida para ganhar o título”, adianta. As mencionadas adversidades correm por conta das reclamações de vizinhos por causa do barulho dos ensaios. “Na verdade, trata-se de um ou dois vizinhos que reclamavam, mas segundo consta, eles já se mudaram”, informa.

Em todo caso, as reclamações dos tais vizinhos provocaram uma visita do PSIU (Programa de Silêncio Urbano) à Vai-Vai. Mas, segundo Thobias, nada aconteceu porque a escola estava rigorosamente dentro dos conformes do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) concedido pelo Ministério Público, que permite o ensaio na rua das 18h00 às 21h30. “Foi apenas um mal entendido e os ensaios continuaram, normalmente.”

Quanto à intolerância dos vizinhos, Thobias comenta: “O problema não é o barulho. Eles se incomodam é com a nossa presença. E uma questão de preconceito racial”, dispara.

Em novembro do ano passado, Thobias protocolou na Subprefeitura da Sé, um pedido de doação de uma área da Prefeitura com 2.500 m2, que não está sendo usada, situada na Rua Condessa de São Joaquim, junto ao viaduto do mesmo nome, próximo à Avenida 23 de Maio, na Bela Vista. Como contrapartida, a escola deverá levar os projetos sociais que já mantém em sua sede, tais como cursos gratuitos de música, computação, capoeira e outros.

Se a Prefeitura conceder a área, o presidente da Vai-Vai promete fazer “uma grande arena de ensaio”. Será uma quadra, com capacidade para 2.000 pessoas, que suportará ensaios mais pesados e terá ar condicionado e tratamento acústico.

“Mas a sede social continuará sempre aqui”, garante. E também os projetos assistenciais e culturais, e os eventos menores, como a feijoada com pagode, aos sábados e O samba nosso de cada dia, que se realiza todas às terças-feiras.

Mas no momento, a energia da escola está toda voltada para o desfile. Este ano, a Vai-Vai entra na passarela, no sábado, dia 2, às 03h45, e será a 5a escola a desfilar. Sairá com 4.200 integrantes, 29 alas e cinco carros alegóricos, dois deles acoplados.

A novidade é que a bateria, com seus 320 integrantes, se apresentará com dois figurinos: um para a bateria leve e outro para a pesada. Os intérpretes bilíngues, que já trabalham voluntariamente na quadra para dar assistência aos turistas, estarão à disposição, também no desfile.

O último ensaio será no dia 31 de janeiro. Tanto as fantasias quanto as vagas para participar do desfile estão esgotadas, mas sempre restam possibilidades, por conta de imprevistos. Por isso, o presidente da escola aconselha os retardatários: “dê uma chegadinha lá.’

A sede da escola continuará na São Vicente

Todas as fantasias foram vendidas




acervo: CMB.H.000.319  
Coleção: Bairros e Instituições  
Sub coleção: Vai-Vai

Janeiro 2008 - Gazzetta D´Italia
Maria Cecília Naim

fonte: Centro de Memória do Bixiga - acervo @edisonmariotti


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