por Fábio Belviso
Tarde envergonhada,
triste, escondida atrás de uma neblina cegante e úmida. Eram 13 horas do dia
três de janeiro de 1874, Porto de Gênova, e um último apito de adeus à Itália,
o navio “La Sofia” dava início ao transporte das 386 famílias de imigrantes rumo
ao Brasil.
Contrastes antagônicos
entre o norte da Itália tendo em vista a revolução da indústria que deixou a
maioria da população de trabalhadores da terra, sem empregos, pois não puderam
ser absorvidos pela indústria e o Brasil sem mãos de obras tendo em vista o fim
da escravatura. Um país mandou e o outro recebeu as valiosas mãos dos
imigrantes italianos.
As primeiras levas de
imigrantes foram para a região Sul e sudeste. Estado de São Paulo foi o que
mais recebeu.
Colônias foram implantadas
nas serras Gaúchas, Garibaldi e Bento Gonçalves em 1875 completando 140 anos de
colonização da rica, formosa e desenvolvida cidade. Os imigrantes não tiveram
daquilo que lhes foi prometido. Começaram do zero com suas armas de trabalho:
mãos e enxadas, trabalho e trabalho. O sucesso estava intrínseco na vontade
férrea de trabalho, na família centro de tudo, e, na sólida religião que os
faziam vislumbrar uma vida muito melhor: a fé.
Começaram a cultivar a
uva. Atualmente estas áreas do Rio Grande do Sul de colonização italiana
produzem o melhor vinho do Brasil.
A colonização italiana
logo se expandiu para o Paraná, Santa Catarina, e São Paulo principalmente e
como expoente o bairro do Bixiga. Trabalho duro.
Muitos conseguiram pelas
economias comprar terras e depois se tornaram fazendeiros. Outros venderam tudo
que tinham na Itália e emigraram como o Matarazzo e seus irmãos e tornou-se um
grande industrial e contribuiu sobremaneira para o desenvolvimento de São
Paulo. Outros como Crespi na tecelagem, Scatamachia nos calçados, Lunardelli o
rei do café do mesmo modo todos adotaram o Brasil e contribuíram para o
progresso de São Paulo.
Contribuíram com novas
técnicas agrícolas.
Pratos como pizza e
espaguete, polenta.
Uso da saudação “tchau”.
Quais são as regiões mais
desenvolvidas do Brasil?
Sul e Sudeste todas
colonizadas pelos italianos. Troféus merecidos.
Quais foram suas armas
para tal façanha? Simples, simples. Trabalho, trabalho e trabalho. Família
unida, família como centro de tudo e que até hoje se mantém. Finalmente a
religião e a fé que os tornaram sempre esperançosos e lutadores.
Quando aqui aportaram nada
receberam, mas transformaram as terras com suas benditas mãos calejadas. Não
foram os quero, quero de hoje: quero casa, quero terra, ou invasores de terra
como o MST que nada constroem ao contrário só destroem.
Nos cento e quarenta anos
da imigração italiana na cidade de Bento Gonçalves, rica, progressista,
maravilhosa, dos melhores vinhos, e, ainda hoje se nota a família em primeiro
lugar.
Os negócios, as empresas são passadas de pais para filho com amor. Eis a
chave do sucesso. A essa espetacular cidade nossas homenagens.
Para fechar transcrevo a
resposta de um italiano a um ministro de Estado de seu país, a propósito das
razões da emigração em massa.
"Que coisa entendeis
por uma nação, Senhor Ministro?
é a massa dos infelizes?
Plantamos e ceifamos o
trigo, mas nunca provamos pão branco.
Cultivamos a videira, mas
não bebemos o vinho.
Criamos animais, mas não
comemos a carne.
Apesar disso, vós nos
aconselhais a não abandonarmos a nossa pátria?
Mas é uma pátria a terra
em que não se consegue viver do próprio trabalho?"
por
Fábio Belviso --- ao amigo Walter Taverna
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.