Tesouro
urbano
A
Casa de Dona Yayá revela importantes detalhes da arquitetura paulistana
por Jorge Belchior Santos
Construída provavelmente
no final da década de 1870, a Casa de Dona Yayá situa-se à rua Major Diogo,
353, no bairro do Bixiga, a um quilômetro da Praça da Sé. Mas, originalmente,
localizava-se fora do perímetro urbano, tendo funções de casa de campo ou
chácara. Assim, era o local perfeito para abrigar sua proprietária, uma mulher
com problemas mentais e rica o bastante para ter o luxo de um sanatório
particular.
Quando sua dona a comprou,
a residência já havia tido três proprietários. Cada um realizou ampliações no
local – sem, no entanto, nunca derrubar nada da versão anterior, apenas
construindo em volta. Quando a casa passou para Dona Yayá, novas modificações
foram feitas, como a inclusão de um solário – algo típico dos tratamentos
psiquiátricos da época.
Sebastiana de Mello
Freire, ou Dona Yayá, nasceu em 1887, em uma família abastada, marcada por
calamidades. Suas duas irmãs morreram ainda jovens e de formas trágicas. Seus
pais adoeceram e morreram com apenas dois dias de diferença, quando a moça
tinha apenas 12 anos. Seu irmão mais velho, que também sofria das faculdades
mentais, se atirou ao mar durante uma viagem de barco.
Em 1918, Yayá apresentou
os primeiros sinais de enlouquecimento ao tentar o suicídio. De forma a ser
afastada da sociedade, passou a morar no casarão da rua Major Diogo a partir de
1925, com sua amiga e madrinha Eliza Grant, sua prima Eliza de Mello Freire e
seu enfermeiro. Veio a falecer em 1961.
Com a morte de Sebastiana,
o imóvel não teve finalidade fixa, até ser transferido definitivamente, em
1969, para o Centro de Preservação Cultural da USP (CPC). Uma das tentativas
que não prosperaram, por questões burocráticas, foi a de instalar ali o Museu
Memórias do Bixiga. Até que, em 2004, foi transformado em Centro Cultural. Uma
reforma extraiu as camadas de tinta superiores para exibir aos visitantes os
afrescos que cobriam as paredes originais. Segundo os responsáveis, o local
possui grande importância para a história da arquitetura.
Um dos objetivos da casa é
promover o intercâmbio entre os moradores da região e os alunos da USP. O local
é aberto para visitas a partir das 11 horas, todos os dias, exceto aos sábados.
Existe também uma atividade de visita monitorada para as escolas tratarem da
educação a respeito do patrimônio cultural. Segundo a diretora, os estudantes
adquirem interesse pelo local, voltando para visitas após as excursões com os
amigos ou a família.
Casa de Dona Yayá – Centro de
Preservação Cultural Universidade de São Paulo
Rua Major Diogo, 353, Bela Vista
Telefone 3106-3562
Domingo a sexta-feira, das 10h às 16h
Entrada
franca
@edisonmariotti - fonte do acervo do Centro de Memória do Bixiga - código álbum CMB.AV.F.530001
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